Uma experiência irresistível para sair da rotina!
Viaje a encantadora comuna italiana Viareggio, na região da Toscana, com esta receita cheia de charme e ingredientes inusitados.
Receita sugerida pelo nosso Diretor de Gastronomia @paulomoratori.

Ingredientes

Modo de fazer

Prepare-se para despertar suspiros e deixar todos com água na boca!

Além de dar a receita desse delicioso pesto, Paulo Moratori conta um pouco o porquê do nome Pene Rigate.

É uma verdadeira aula do começo ao fim…

Essa receita foi ensinada na Oficina que ocorreu no Festival do Imigrante – 2022, pelo nosso Diretor Social.

O Pesto é um Molho típico da Região da Liguria - Norte da Itália, muito fácil de fazer e muito saboroso.

INGREDIENTES:
2 xícaras de chá de folhas de manjericão
50 gramas de nozes
50 gramas de queijo parmesão
2 dentes de alho
2 xícaras de chá de azeite de oliva
Sal e pimenta do reino a gosto
1 pacote de macarrão Penne

MODO DE FAZER
Bater todos os ingredientes no liquidificador até obter um creme homogêneo e reserve.
Cozinhar o macarrão "al dente" e reservar 2 conchas da água da fervura antes de coar. Uma vez coada a pasta, misturar ao molho pesto e a água quente reservada (2 conchas).
Polvilhar com parmesão e servir.

A sardela é uma receita típica do Sul da Itália, da Calábria. A receita de sardela italiana, preparada pelos imigrantes italianos que chegaram à cidade de São Paulo, é uma adaptação um típico prato do sul da Itália.

A original é preparada com um alevino, chamado também de sardela, e leva páprica doce e picante, azeite e um pouco de semente de erva-doce.

Como nossos imigrantes não tinham, no princípio do século XX, acesso à páprica (que é pimentão seco em pó) e muito menos ao alevino sardela original, fizeram essa adaptação brasileira, que é também muito gostosa, para matarem a saudade da sardela original.

É servida com pão italiano, mas se não tiver pode ser também saboreada com o pãozinho normal.

INGREDIENTES

MODO DE PREPARO

  1. Aqueça o azeite, doure o alho e refogue os pimentões por 15 minutos ou até que estejam al dente.
  2. Deixe amornar e bata no liquidificador com os demais ingredientes.
  3. Leve novamente ao fogo, mexendo de vez em quando, até obter o ponto granulado, temperado a gosto.

Um dos roteiros mais apaixonantes da Europa, a rota Cinque Terre leva o viajante a vilas encantadoras banhadas pelo Mar da Ligúria, um dos “braços” do Mediterrâneo, onde o tempo parece correr num ritmo próprio.

Durante a viagem, o turista tem a oportunidade de conhecer lugares com séculos de história e atmosfera de cidade interiorana, endereço de hotéis charmosos, lojas de luxo e alguns dos melhores restaurantes de toda a Itália.

Planejar uma viagem dessas, no entanto, pode ser uma missão desafiadora, especialmente para quem tem pouco tempo disponível para o roteiro.

Cinque Terre: conheça as vilas mais fotogênicas da Europa!

As Cinque Terre, ou Cinco Cidades, Itália, são capazes de surpreender mesmo quem já está acostumado com as belezas do país da bota.

Essas pequenas vilas ficam encravadas na costa da Ligúria e formam cenários que, muitas vezes, parecem bonitos demais para serem de verdade.

A paisagem é formada por casinhas coloridas e floridas espalhadas por colinas à beira-mar, de onde é possível contemplar toda a beleza azul do Mediterrâneo!

Nos dias de calor, o mar está sempre ali para um banho refrescante, mas mesmo nos mais frios você não ficará entediado: vinícolas, boutiques de luxo, restaurantes requintados e hotéis de alto padrão estão espalhados por todas as partes.

A rota é, na verdade, parte de uma reserva ambiental, o Parco Nazionale delle Cinque Terre, tombado como Patrimônio Mundial pela Unesco pela quantidade impressionante de belezas concentradas em um pequeno espaço.

O cenário romântico é bastante procurado por casais em lua de mel, mas não se engane: até mesmo quem está embarcando em uma viagem solo ou em família poderá aproveitar as atrações locais.

Neste artigo, vamos te contar tudo que você precisa saber para planejar sua viagem: quais cidades fazem parte da rota, como chegar, como se deslocar pela região, melhor época para viajar, o que fazer e muitas outras dicas! Confira!

Em que região da Itália fica Cinque Terre?

Para elaborar um bom roteiro pela Itália é importante saber onde ficam as Cinque Terre.

As vilas ficam a cerca de 100 km a sudeste de Gênova, capital e maior cidade da região da Ligúria, no noroeste do país.

A região tem fácil acesso a partir dos principais destinos italianos, como Roma (455 km), Milão (225 km) e Veneza (400 km).

Cinque Terre: mapa

Considerada uma das joias do turismo italiano, a rota Cinque Terre fica pertinho de La Spezia, Pisa, Florença e muitas outras cidades encantadoras.

Como as vilas ficam bem próximas umas às outras, é possível se deslocar entre elas até mesmo a pé, o que pode render uma boa economia para o viajante!

Cinque Terre: como ir?

As Cinque Terre, Itália, não dispõem de aeroporto próximo, mas ficam bem perto do Aeroporto Internacional Cristovão Colombo, em Gênova, situado a apenas 100 km de distância.

O aeroporto genovês recebe voos com conexões a partir do Brasil e dos principais destinos europeus. Depois, é só alugar um carro ou contratar um transfer para chegar até a vila em que você vai se hospedar.

Como se locomover por Cinque Terre?

Não é difícil se deslocar pela região, pelo contrário: com alguma organização, é possível até conhecer as Cinque Terre em um dia.

As vilas da região são conectadas por uma eficiente rota ferroviária: de La Spezia a Riomaggiore, por exemplo, as viagens de trem não duram mais de 8 minutos.

Você pode adquirir suas passagens antecipadamente pelo site da Trenitalia, com passagens a partir de 7 euros (em novembro/2021).

Não existem, no entanto, linhas de ônibus entre as cidades e os barcos só fazem trajetos na região entre março e outubro, meses de maior movimento.

Se você não gostou de nenhuma dessas sugestões, que tal fazer o percurso a pé? Todas as vilas da região são conectadas por trilhas pela costa ou pelo topo das colinas!

Qual é a melhor época para conhecer Cinque Terre?

O roteiro Cinque Terre pode ser feito em qualquer época do ano, embora alguns períodos sejam mais indicados a depender do objetivo da viagem.

Quem quer aproveitar o percurso para tomar banhos refrescantes de mar deve priorizar a viagem em meses mais quentes, de maio a agosto, sendo julho e agosto os meses de maior movimento turístico na região.

A partir de meados de outubro, as temperaturas começam a entrar em declínio e as chuvas se tornam mais frequentes na região, culminando até mesmo no fechamento de algumas trilhas para garantir a segurança dos turistas.

Embora o frio não encoraje mergulhos no Mediterrâneo, esta é a época mais indicada para quem quer conhecer as vilas mais vazias e curtir a temporada de Natal na costa italiana.

Acredita-se que a cultivação das videiras tenha chegado à Itália por volta de 757 ac, trazida pelos gregos, quando se estabeleceram no Sul do que hoje é o país, bem como nas ilhas vizinhas.

De lá para cá, o consumo do vinho expandiu-se e sua produção espalhou-se pelas zonas mais improváveis do planeta. Uma coisa, todavia, permanece imutável: a Itália permanece o maior produtor mundial da bebida: dos 260 milhões de hectolitros de vinho produzidos em todo o mundo em 2020, 18,8% foram produzidos na Itália, seguida na Europa pela França, com 17,9%, Espanha, com 15,7%, Alemanha, com 3,2%, e Portugal, com 2,5%.

A Itália também é o berço de 545 variedades autóctones viníferas de uva, ou seja, que só existem lá. O número representa praticamente um terço das cerca de 1.600 variedades de uvas viníferas existentes no mundo.

Tal patrimônio, nas mãos de mais de 30.000 produtores italianos localizados em todas as 20 regiões do país, transforma-se em nada menos do que cerca de 2.000 variedades de vinhos, das quais 527 com designações de origem, entre DOCG, DOC e IGT, que garantem a qualidade da bebida e certificam que suas características estão intimamente vinculadas ao território onde é produzida.

Entre as regiões mais conhecidas no Brasil e que também são as com o maior número de vinhos com denominação de origem, incluem-se o Piemonte (terra dos Barolos e Barbarescos), a Toscana (de onde saem os famosos Chianti e Brunellos de Montalcino), o Vêneto (pátria do Amarone, do Valpolicella e do Prosecco), a Puglia (berço do Primitivo di Manduria e do Negroamaro) e a Sicília (terra de Sol e também do Marsala e do Salaparuta).

Embora Roma, sua capital, seja uma das cidades mais visitadas do mundo, poucos sabem que o Lazio possui 6 vinhos IGT, 27 DOC e 3 DOCG. Dá quase para tomar um vinho da região por semana, ao longo de um ano, sem repetir!

A produção da bebida na região remonta aos etruscos. A palavra vinho, aliás, deriva da palavra etrusca vinum, da qual tem origem todas as demais denominações da bebida nas principais línguas faladas na Europa: vino, wine, vin, wein.

O vinho produzido no Lazio, primeiro grande centro produtor da bebida em todo o mundo, era fermentado e transportado em ânforas ou odres (bolsas de pele) e, com a expansão do Império Romano, seu consumo ganhou o mundo, tornando-se parte integrante da dieta dos principais centros urbanos da época.

As principais zonas produtoras da região incluem os Castelos Romanos, a região de Viterbo e a de Frascati e entre as variedades de uvas, destacam-se as autóctones Malvasia del Lazio, Bellone, Moscato di Terricina e Moscato di Terracina que, juntamente com uvas de outros países introduzidas na região, como Melot, Cabernet Franc e Syrah, produzem alguns dos melhores vinhos do planeta.

Ao contrário de outras regiões italianas, em que as uvas tintas são mais numerosas, cerca de 76% das uvas cultivadas no Lazio são brancas.

O vinho mais famoso da região é o Frascati, um DOCG produzido com pelo menos 70% de Malvasia e outras uvas locais (Bellone, Bombino, Greco, Trebbiano Giallo e Toscano). É um vinho branco seco, de coloração amarelo claro (que se torna mais intenso nas versões envelhecidas), com aroma em que se destacam notas de flores brancas e minerais.

Outro DOCG famoso na região é o Cannellino di Frascati, que é feito com as mesmas uvas utilizadas na produção do Frascati, mas com um processo de fabricação que torna a bebida adocicada, com coloração amarela intensa e notas de frutas maduras.

Mas não só de brancos vive o Lazio. Entre os tintos, reina o Cesanese del Piglio, DOCG de grande estrutura, longevo, com notas de frutas vermelhas maduras e odores de especiarias.

Já entre as vinícolas mais renomadas da região, figura a histórica Casale del Giglio que, entre outros, produz o Mater Matuta, importante vinho tinto produzido com uvas Syrah, bem como o Petit Verdot, branco complexo produzido com 100% de uva Bellone. Outro representante de peso é a Principe Pallavicini, dona do mais vinhedo privado de Frascati, com cerca de 54 hectares. Também parte do grupo a Cantina Gotto d’Oro, uma das maiores da região dos Castelos Romanos.

A origem e as tradições dos famosos pratos existentes no mundo sempre passeiam por histórias interessantes, contos e lendas. O Tiramisù é o doce italiano mais famoso, e é hoje conhecido e apreciado mundialmente. Assim como muitos pratos, teve uma origem regada de curiosas histórias.

O principal ingrediente do Tiramisù é o creme de Mascarpone. Trata-se de um queijo Italiano, suave, variando de 60% a 75% de gordura. Possui um sabor delicado, é bastante cremoso, e de cor branca. É da região da Lombardia, ao norte da Itália, área bastante agriculta e leiteira.

O Mascarpone é feito a partir do leite de vaca, sem o uso de queijo coalho ou fermento em sua produção. A umidade é drenada através do uso de uma pequena quantidade de acido cítrico, e um pano bem fino. O resultado é um creme liso, que serve de base para muitas receitas, como por exemplo, essa famosa sobremesa italiana.

O Tiramisù foi inventado na região da Toscana, e compreende um pavê com creme de Mascarpone, vinho marsala, biscoito de champagne molhado no café, cacau em pó e/ou chocolate em barra, tudo disposto em camadas.

Assim como vários pratos e principalmente sobremesas, o Tiramisù possui uma história bastante curiosa. Uma das versões conta que Siena, na Toscana, foi dominada por volta do século 16 pela família dos Médici, senhores de Florença. Em homenagem a um deles, teria sido inventado um doce que deu origem ao Tiramisù.

Esse doce criado para homenagear o Granduque de Florença, tinha o nome de “Zuppa del Duca”, e era feito com ovos , leite e vinho marsala, e por isso era chamado também de sopa inglesa. Segundo historiadores, o doce tinha como objetivo produzir um descendente para a família, e parece realmente ter dado certo, pois, Granduque Cosme Terceiro teve três filhos.

Ao Tiramisù acrescentou-se o café, considerado afrodisíaco, e o chocolate, que era estimulante, e por causa dessa combinação, esse pavê era consumido na Toscana antes dos encontros amorosos. Depois disso, a popularização do Tiramisù na Itália foi questão de tempo. Em todo o país, milhares de turistas procuram por docerias que vendem exclusivamente esse famoso “dolci”. E mesmo tendo sido criado na Toscana, em Siena o Tiramisù não superou o famoso “panforte”.

A velha disputa para ter a paternidade da receita também acontece com o Tiramisù, e algumas cidades da Itália “brigam” pela origem da sobremesa. O fato é que a Itália se destaca na gastronomia pela importante e fundamental valorização da história e das tradições, e é possível ver que a alegria se de comer por lá é diferenciada.

Receita

INGREDIENTES

MODO DE PREPARO

  1. Bata o creme de leite na batedeira até obter um chantilly firme.
  2. Reserve.
  3. Bata o açúcar com as gemas e o conhaque por 3 minutos.
  4. Acrescente o chantilly, o mascarpone e misture bem.

MONTAGEM

  1. Molhe rapidamente os biscoitos no café (um a um) e coloque em um refratário formando uma camada, coloque por cima uma camada do creme, faça mais uma camada de biscoitos molhados no café e por último mais uma camada de creme.
  2. Para finalizar polvilhe chocolate em pó amargo.
  3. Leve à geladeira por no mínimo 3 horas e sirva.

Este mito trata de um tema caro aos antigos “mistérios de Elêusis”, cidade grega que, através do culto órfico-pitagórico, reverenciava a deusa da agricultura, Deméter (Ceres, na mitologia romana, daí “cereal”), que envolvia o rapto de sua filha, Perséfone.

Se, no cristianismo temos a dilacerante dor da Virgem Maria que perde seu único filho, Jesus, anteriormente, no paganismo testemunhamos o relato da mãe que pranteia sua jovem filha, Perséfone (Prosérpina, na mitologia romana).

Narra o mito que a menina estava num jardim, a colher narcisos quando, subitamente, submergiu do solo o deus do reino dos mortos, o poderoso Hades (Plutão, na mitologia romana), que usando de força e violência, a rapta e a conduz aos seus domínios, embaixo da terra.

Diz-se que justamente nas profundezas da terra estão guardadas as maiores riquezas: ouro, diamantes, esmeraldas, petróleo e demais outras preciosidades minerais.

Quando se deu conta do desaparecimento de sua filha, Perséfone, a deusa do cereal e de tudo o que floresce e alimenta homens e animais aqui, na terra, ficou transtornada.

Busca daqui, pergunta dali ninguém dizia o que se passara, até que o deus da harmonia e da saúde, o luminoso Apolo (Hélios, na mitologia romana), decidiu revelar o que houvera acontecido: acompanhado pelo fiel Cérbero, o bestial cão de três cabeças, Hades raptou a jovem e a conduziu ao mundo subterrâneo.

Não espanta que tenha sido justamente Apolo a fazer tal revelação! Realmente à luz, nada escapa, sobretudo a verdade.

Indignada com tamanha ousadia do senhor do reino dos mortos. Deméter protesta na assembleia dos deuses olímpicos.

Recorre à Zeus (Júpiter) para que ouça seu apelo, exigindo reparação imediata por parte de Hades, seu irmão e tio da donzela.

Vale lembrar que assim como Hades, Deméter também é irmã do Soberano do Olimpo. Os seis irmãos filhos de Chronos (Saturno) com Gaia (Rhéa, a Terra) são: Poseidon (Netuno), Hades (Plutão) e Zeus (Júpiter) por um lado, e Hera (Juno), Héstia (Vesta) e Deméter (Ceres/Cibele) por outro.

Infelizmente, foi em vão que a deusa Deméter recorreu ao soberano do Olimpo, Zeus, que esquivou-se dizendo que a menina reapareceria.

Embora todos estivessem solidários e cônscios da dilacerante dor que afligia a pobre mãe, igualmente todos abstiveram-se de ajudá-la, como enfrentar o próprio Hades?

Altiva, Deméter profere que hão de procurá-la trazendo uma solução.

Foi aí que a deusa da agricultura, da semeadura e da colheita, teve a ideia de fazer cessar o crescimento de todos, absolutamente todos os grãos.

Nada mais brotava, sequer um mísero grão de trigo. Atônitos, os agricultores viram minguar todo empenho, todo trabalho na semeadura,

Não tardou muito e os seres humanos se depararam com uma escassez de alimentos nunca vista. Simplesmente não havia o que comer, e até mesmo os animais pereciam sem ter como se alimentar.

À medida em que o tempo ia passando, a situação ia se tornando cada vez mais insustentável, e os homens rogavam aos deuses, sobretudo a Zeus (Júpiter) que os tirassem daquela penúria, daquela fome miserável.

Como as orações e oferendas não surtiam efeito , foram questionando a crença na proteção divina, começando mesmo a duvidar da existênia dos deuses.

Foi então que Zeus finalmente solicitou a presença de sua irmã, Demèter, e implorou para que ela voltasse a presidir sua instância, que era a de fomentar o florescimento dos alimentos aos mortais.

Irredutível, Deméter afirmou que poderia sim, fazer com que a Terra voltasse a germinar, mas somente com a condição de ter sua amada filha, a jovem Perséfone, de volta aos seus brações.

Zeus (Júpiter), por sua vez, exigiu a presença de seu irmão, o deus do reino dos mortos, Hades (Plutão) e argumentou que os mortais morressem de inanição, eles próprios estariam perdidos, pois quem então iria adorar a eles, os imortais?

No entanto, apaixonado, feliz por ter encontrado sua consorte, Hades (Plutão) mostrava-se intransigente. Não abriria mão da bela e jovem Perséfone, que já ocupava o trono de rainha do reino dos mortos, reino no qual, uma vez ingressado, a ninguém é permitido escapar.

Exceto, claro, Hermes (Mercúrio), o mensageiro dos deuses que justamente por presidir as ideias e a instância mental, lógica, possui livre entrada e saída sempre que necessário.

Deméter insiste que não arredará o pé de sua decisão. Que todos os mortais pereçam, diz ela.

Diante desse impasse, o soberano do Olimpo insiste com Hades, mas ele então diz que se a jovem não comeu da fruta de seu reino, a romã, poderá voltar, do contrário, ele nada poderia fazer, pois ela já pertencia a outro mundo.

Ao ouvir isso, Deméter sentiu um grande alívio, pois em seu íntimo sabia que desesperada e saudosa, sua filha sequer tivera apetite para ingerir o que quer que fosse, chorando de saudades da mãe.

Disso, a deusa tinha certeza, e apostou com Hades que sua filha, tomada de sofrimento, havia se abstido de se alimentar. Seu coração ficou em festa, ansiosa pelo reencontro.

Mas quando os deuses foram verificar, Perséfone já havia sim, ingerido as romãs. Desapontada por ter perdido a aposta, ainda assim – para desespero dos deuses olímpicos – ,Deméter manteve sua postura ameaçadora, dizendo que não declinaria de sua intenção de dizimar os mortais.

Foi quando, enfim Zeus propõe uma partilha que contente a ambos, tanto a Deméter quando ao Hades: que Perséfone permaneça na metade do ano com o marido e a outra metade em companhia de sua mãe.

É com o relato de neste mito que os antigos explicaram as alternâncias nas fases das estações do ano: no verão e na primavera, quando Perséfone regressa do reino de Hades pelas mãos de Hermes (Mercúrio), a deusa da agricultura fica em festa, alegre por ter a filha em seus braços.

Já no outono e no inverno, a jovem permanece em companhia de Hades, no reino dos mortos. É quando sua mãe, saudosa, explicita sua dor através da natureza (physis), recuando na fomentação da proliferação das flores e dos alimentos. Até que sua filha amada retorne.

LUCIENE FELIX LAMY - Professora de Mitologia Grego-romana na Galleria Borghese, Roma. Formada em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e foi Colunista de Filosofia na Carta Forense (SP) de 2006 até o encerramento do jornal, em 2019.
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